MOBILIDADE E O DESEMPENHO NO POWERLIFTING

“Não consigo evoluir no meu agachamento, tenho dificuldades em atingir o ângulo”

Alo malta, queria falar-vos um pouco sobre mobilidade / flexibilidade e como ambas podem podem ajudar-nos a progredir no agachamento.

Como vocês sabem o exercício de agachamento pesado faz parte da nossa rotina de treinos no powerlifting, e por isso recebemos com frequência questões sobre como progredir neste movimento. Antes de começar com temas sobre técnicas de treino, achamos importante falar sobre mobilidade, flexibilidade e estabilidade.

Hoje a nossa sessão de treino foi muito soft, consistiu apenas em cardio um pouco de mobilidade no final, isto porque amanhã teremos um treino pesado de agachamento e temos por habito descansar no dia anterior, por isso pareceu-me o dia ideal para trazer este tema até ao blog.

Muitas vezes o problema em agachar adequadamente é devido a algum tipo de limitação física, que pode muito provavelmente ser resolvida dando devida atenção a mobilidade, flexibilidade e estabilidade.

MOBILIDADE VS FLEXIBILIDADE

A maioria das pessoas confunde mobilidade com flexibilidade, mas a distinção entre ambos é simples.

Enquanto que a mobilidade é a avaliação específica de uma tarefa que consiste em dois elementos bases: A amplitude de movimento necessária para executar a tarefa com boa técnica + a capacidade de gerar a força necessárias para o desempenho da tarefa dentro da amplitude total de movimento.

A flexibilidade é a avaliação não específica da amplitude de movimento sobre uma determinada articulação ou ação muscular.

 

MOBILIDADE É MAIS IMPORTANTE QUE FLEXIBILIDADE

O objetivo de treinar flexibilidade é aumentar a amplitude de movimento terminal para aquela determinada ação articular ou muscular e embora todos os movimentos desportivos exijam que sejamos flexíveis, extrema flexibilidade não significa necessariamente muita mobilidade.

Para ter mobilidade não é apenas necessário ser flexível o suficiente para executar uma a tarefa especifica, mas também ser capaz de controlar o nosso corpo enquanto geramos a força suficiente dentro dessa amplitude total que se requer de um movimento.

No caso de alguém que como nós tem como objetivo de treino força e potência a capacidade de contorcer pernas e braços em todas as direções (FLEXIBILIDADE), como alguém que pratica yoga não é de todo um fator crítico para o sucesso atlético, no entanto é necessário estimular capacidade de gerar a força necessária para o desempenho atlético dentro da amplitude total de movimento (ou seja, como se costuma dizer, ir ao ângulo).

Simplificando o conceito para mais fácil distinção

Alguém que pratique yoga pode até alcançar amplitudes de movimento magnificas, o que os torna super flexíveis, no entanto a tarefa do yoga, não requer que o praticante gere forças em simultâneo.

No caso de um ginasta que também é super flexível, o seu treino requer que eles sejam capazes gerar força para mover o corpo mantendo em simultâneo a amplitude de movimento.

Ou sejam em ginasta dispõe de flexibilidade e mobilidade, enquanto o um yogi é mais provável que seja apenas flexível, isto porque ao contrário da flexibilidade, que é passiva por natureza, a mobilidade requer um controle ativo.

Isso significa que, para melhorar a mobilidade, precisamos também de melhorar o controle neurológico ativo, que é um dos principais contribuintes para a estabilidade .

MOBILIDADE VS ESTABILIDADE

Enquanto que uma boa mobilidade contribui para a qualidade do nosso movimento, a estabilidade é essencial para que o padrão de movimento seja estável e controlado em todas as suas fases. Isso significa que um movimento ideal é influenciado tanto pela mobilidade como estabilidade.

Por exemplo: pessoas habituadas a executar agachamento na smith machine quando experimentam pela primeira vez executa-lo com a barra livre, sente maior dificuldade na execução por falta de estabilidade durante o movimento, mas com a insistência no exercício livre são também promovidas adaptações neurológicas.

MOBILIDADE E O DESEMPENHO DESPORTIVO

Se te estas a perguntar se a força ou o desempenho desportivo podem ser influenciados pelo nosso nível de mobilidade, a resposta é: SIM! Com certeza

Executar um agachamento completo requer muito mais força e envolve muito mais massa muscular para superar a resistência do peso do que um agachamento parcial, se por algum motivo o nosso agachamento estiver comprometido por um problema articular (pouca mobilidade ou rigidez muscular), os nossos ganhos serão limitados e menores.

Ignorar o trabalho de mobilidade, como por exemplo sessões de alongamento e foam roller, rotinas de fortalecimento do core ou até algumas sessões de massagem desportiva onde o terapeuta poderá aplicar algumas técnicas que poderão ajudar a melhorar a nossa mobilidade, pode levar à rigidez muscular, maior chance de lesões bem como maior tempo de recuperação entre treinos.
ler mais sobre os benefícios de massagens desportivas aqui [LINK]

Em suma, uma boa mobilidade permite que sejamos capazes de atingir uma maior amplitude, melhor técnica, mais fluidez / rapidez de execução dos movimentos assim como recrutar mais massa muscular e consequentemente ter maiores ganhos.

NOTA:

Escolhi falar sobre agachamentos por ser um exercício que muitas pessoas praticam e cuja correta execução e progresso ser frequentemente afetada por má mobilidade e / falta de estabilidade, no entanto o mesmo se aplica a qualquer outro movimento básico no powerlifting.

Espero que este artigo tenha convencido alguém desse lado sobre a importância do trabalho de mobilidade na performance e em breve traremos algumas dicas práticas de exercícios que podem praticar tanto no ginásio como em casa

Não se esqueçam, se gostarem (ou não), comentem e partilhem!

Beijinhos e Abraços

Etelvina e Filipe

Written by Etelvina e Filipe